Glossário de termos topográficos

A

Acidente topográfico: objecto ou fenómeno concreto, fixo e permanente, da superfície terrestre.
Altitude elipsoidal: distância entre um lugar e a superfície do elipsóide de referência, medida segundo a normal a esta.
Altitude ortométrica ou natural: distância vertical entre um lugar e o geóide, medida segundo a direcção do fio-de-prumo.
Atlas: colecção organizada de cartas, concebida para cobrir um determinado espaço geográfico. Pode conter informação sobre um ou mais temas escolhidos tais como a política, a economia, a vegetação, etc.
Azimute de uma direcção: ângulo diedro entre o plano do meridiano de um lugar e o plano vertical que contém a direcção considerada. Os azimutes são, em geral, medidos de 0 a 360º, a partir do Norte, no sentido dos ponteiros do relógio.

B

Bandeirola: vara de ferro, geralmente com 2 metros de comprimento e pintada de vermelho e branco em espaços de 0,5 metros, munida de uma ponta em forma de ferrão numa das extremidades para cravar no solo. As bandeirolas servem para materializar, provisoriamente, pontos do terreno, definir alinhamentos, etc.
Batimétrica: o mesmo que isobatimétrica.
Bolembreano: nome comum das construções em alvenaria de forma tronco-cónica que, em Portugal, são utilizadas como vértices geodésicos de 2ª e 3ª ordens.
Bússola: instrumento composto por uma agulha metálica magnetizada suspensa sobre o seu ponto médio de forma a poder girar livremente sobre este. Por acção do campo magnético terrestre, a agulha magnética orienta-se sempre na direcção do Norte magnético, servindo de referência para a orientação.

C

Campo magnético terrestre: a Terra gera em torno de si um campo eléctrico bi-polar, funcionando assim como um gigantesco íman. As cargas eléctricas positivas e negativas desse campo acumulam-se em dois pólos opostos (pólos magnéticos) que se encontram próximos dos pólos geográficos mas não coincidem com estes.
Carta: representação plana da superfície terrestre ou de outro corpo celeste e dos objectos e fenómenos aí localizados. Na terminologia portuguesa, a distinção entre os termos mapa e carta não está consolidada. De uma forma geral, mapa é um termo de utilização comum enquanto carta é usado no âmbito da cartografia topográfica e hidrográfica.
Carta cadastral: o mesmo que planta cadastral.
Carta corográfica: carta topográfica de escala intermédia, em regra compreendida entre 1/500000 e 1/50000, que representa os traços gerais de países ou regiões (este termo encontra-se em desuso).
Carta de base: carta cujo objectivo é a representação de informação geográfica de carácter genérico, comportando em geral um conjunto organizado de folhas que cobrem um país ou região. São cartas de base as cartas topográficas e hidrográficas. As cartas de base servem servem de suporte às cartas temáticas.
Carta electrónica de navegação: carta náutica em suporte informático, associada a um sistema de visualização (sistema ECDIS: Electronic Chart and Display Information System).
Carta física: carta temática que representa essencialmente os aspectos naturais da topografia e hidrografia da superfície terrestre (este termo encontra-se em desuso).
Carta geográfica: carta topográfica de escala pequena, em regra inferior a 1/500000, que representa os traços mais gerais de vastas regiões do globo terrestre (este termo encontra-se em desuso)
Carta hidrográfica: carta de base cujo objectivo é a representação de informação relativa aos oceanos, lagos e cursos de água. Não existindo em Portugal cartas hidrográficas propriamente ditas, o seu papel é, geralmente, desempenhado pelas cartas náuticas.
Carta hipsométrica: carta temática que representa intervalos de altitudes através de cores hipsométricas.
Carta náutica: cata temática destinada a apoiar a navegação marítima e que representa, sobre um fundo de informação topográfica e hidrográfica mais ou menos simplificado, outra informação específica relevante para a condução da navegação, tais como: perigos e ajudas à navegação, corredores de tráfego marítimo, informação oceanográfica e meteorológica, etc.
Carta política: carta temática que representa informação caracterizadora de aspectos com relevância política dos países, especialmente as divisões territoriais e administrativas e os centros populacionais mais importantes (este termo encontra-se em desuso).
Carta temática: carta cujo objectivo é representar informação ou apoiar actividades de carácter especializado. Tipicamente, as cartas temáticas apresentam, sobre um fundo de informação geral mais ou menos simplificado, muitas vezes extraído de cartas topográficas, hidrográficas e administrativas, fenómenos localizáveis de qualquer natureza, sob a forma qualitativa ou quantitativa. São cartas temáticas as cartas políticas, meteorológicas, demográficas, geológicas, etc.
Carta topográfica: carta de base que representa, tão fiel e pormenorizadamente quanto a escala o permita, a topografia da superfície terrestre.
Cartografia: ciência que trata da concepção, produção, difusão e utilização das cartas.
Cartografia náutica: ramo da cartografia que trata das cartas náuticas.
Cartografia temática: ramo da cartografia que trata das cartas temáticas.
Cartografia topográfica: ramo da cartografia que trata das cartas topográficas. A produção das cartas topográficas é, pelo seu interesse nacional, normalmente atribuída a organismos estatais ou reconhecidos pelo estado, tais como o Instituto Geográfico Português e o Instituto Geográfico do Exército.
Cartometria: ramo da cartografia que trata das medições efectuadas sobre as cartas.
Centro ou ponto central de uma projecção
Círculo máximo: circunferência originada pela intersecção de uma superfície esférica com um plano que contém o seu centro.
Círculo menor: circunferência originada pela intersecção de uma superfície esférica com um plano que não contém o seu centro.
Compilação cartográfica: processo de reunião, selecção e representação gráfica dos elementos de informação que serão representados numa carta. Estes elementos têm origem em documentação variada, que inclui outras cartas, fotografias aéreas, resultados de levantamentos topográficos e hidrográficos, etc.
Convergência dos meridianos: ângulo entre os meridianos da rede geográfica e as meridianas de uma quadrícula cartográfica.
Coordenadas: quantidades lineares ou angulares que definem a posição de um ponto no plano, no espaço ou sobre uma dada superfície, relativamente a determinadas referências.
Coordenadas cartográficas: coordenadas rectangulares definidas através de uma quadrícula cartográfica. Designam-se por distância à meridiana, M, e distância à perpendicular, P. Em inglês, representam-se por E (Easting) e N (Northing).
Coordenadas geodésicas: coordenadas geográficas, latitude e longitude, definidas sobre a superfície de referência.
Coordenadas geográficas: designam-se por latitude e longitude.
Coordenadas polares: um sistema de coordenadas polares, no plano, é aquele que utiliza uma distância e um ângulo medidos a partir de uma origem e direcção arbitrários para referenciar a posição dos pontos.
Coordenadas rectangulares: um sistema de coordenadas rectangulares, no plano, é aquele que utiliza duas medidas de distância rectilíneas a dois eixos perpendiculares entre si para referenciar a posição dos pontos relativamente a uma origem.
Cores hipsométricas: escala convencional de cores destinada a representar intervalos de altitude. As cores são ordenadas do verde, para as menores altitudes, até ao castanho avermelhado ou ao branco, para as maiores, com exclusão do azul que é reservado para representação da batimetria.
Cota: distância vertical entre um lugar e uma superfície tomada como referência.
Curva de nível: linha que une pontos de igual cota ou altitude, originada pela intersecção de uma determinada superfície de nível com o relevo da superfície terrestre. Actualmente, as curvas de nível constituem um dos principais métodos de representação altimétrica nas cartas.

D

Data: plural de datum que, em latim, significa dádiva ou oferta.
Datum geodésico: conjunto dos parâmetros que constituem a referência de um determinado sistema de coordenadas e que inclui a definição do elipsóide de referência e a sua posição relativamente ao globo terrestre.
Datum global: datum geodésico utilizado na cobertura geral do globo terrestre, escolhido de forma a fazer coincidir o centro de massa da Terra com o centro do elipsóide de referência e o eixo da Terra com o eixo menor do elipsóide, procurando assim minimizar, globalmente, as diferenças entre este e o geóide. Os sistemas de posicionamento globais, como o GPS, por exemplo, utilizam um datum global.
Datum local: datum geodésico utilizado na cobertura de países ou regiões do globo, escolhido de forma a minimizar as distâncias entre o geóide e o elipsóide de referência numa determinada zona de interesse.
Declinação magnética: ângulo entre as direcções do Norte geográfico e do Norte magnético, observadas a partir de um determinado lugar e num determinado momento.
Desvio da vertical: ângulo entre a vertical do lugar e a normal ao elipsóide de referência que passa no ponto considerado.
Distância à meridiana: abcissa de um ponto numa quadrícula cartográfica, relativamente à meridiana origem.
Distância à perpendicular: ordenada de um ponto numa quadrícula cartográfica, relativamente à perpendicular origem.
Distância horizontal: projecção da distância observada entre dois pontos da superfície terrestre sobre um plano horizontal.
Distância reduzida ou natural: distância entre dois pontos do terreno projectada sobre a superfície de referência.
Distância observada ou rectilínea: distância medida segundo o segmento de recta que une directamente dois pontos do terreno.

E

Eixo da Terra: linha imaginária em torno da qual a Terra executa o seu movimento de rotação diurno. Este eixo é oblíquo relativamente ao plano da elíptica e mantém—se paralelo a si mesmo ao longo do movimento anual de translação da Terra em torno do Sol.
Elipsóide de referência: elipsóide utilizado como referência geodésica. Trata-se geralmente de um elipsóide de revolução, podendo, em circunstâncias especiais, ser um elipsóide triaxial.
Elipsóide de revolução: sólido formado pela revolução de uma elipse em torno do seu eixo menor.
Elipsóide internacional: designação comum do elipsóide de Hayford, adoptado internacionalmente em 1924 como superfície de referência.
Elíptica: linha que representa o movimento anual de translação da Terra em torno do Sol.
Equador: círculo máximo originado pela intersecção de um plano perpendicular ao eixo da Terra com a superfície desta no ponto em que a divide em duas calotes semelhantes a que se chamam hemisférios. Sobre o equador, a latitude é zero.
Equidistância gráfica: equidistância natural reduzida à escala da carta.
Equidistância natural: distância vertical entre duas curvas de nível contíguas. A equidistância natural utilizada numa carta é sempre constante, mas pode variar de carta para carta em função da escala e das características do terreno representado.
Escala: razão entre uma dimensão real de um objecto e a sua correspondente representação na carta.
Escala das latitudes: linha graduada em unidades de latitude que, em certos casos, é impressa nas margens laterais das cartas.
Escala das longitudes: linha graduada em unidades de longitude que, em certos casos, é impressa nas margens superior e inferior das cartas.
Escala gráfica: segmento de recta graduado em unidades de comprimento, destinado à indicação de distâncias naturais sobre a carta.
Escala numérica: é a expressão da escala de uma carta, em regra na forma de uma fracção, em que o numerador é uma unidade de medida na carta e o denominador é o correspondente número de unidades no real (por exemplo, 1/5000 ou 1:5000).
Esfera celeste: entidade imaginária que representa o limite do Universo.
Estação total: teodolito moderno, munido de um conjunto de ferramentas tais como o distanciómetro electromagnético, capacidade de armazenamento de dados em memória, software de processamento de dados, etc., que permitem executar, para além das funções básicas de medição de ângulos verticais e horizontais, todas as operações topográficas modernas de forma rápida e simplificada.

F

Fio-de-prumo: instrumento composto por um corpo metálico, geralmente com uma forma pontiaguda, suspenso numa das extremidades de um fio. Por acção da força da gravidade, o corpo é atraído para o solo mantendo o fio na vertical, servindo assim de referência em situações em que seja necessário verticalizar planos ou eixos, como por exemplo, no estacionamento de aparelhos topográficos.
Fotogrametria: técnica de aquisição de dados topográficos a partir de pares estereoscópicos de fotografias aéreas tomadas na vertical, obtidas por câmaras fotográficas colocadas em aviões ou por sensores instalados em satélites.

G

Geodesia: ciência que se ocupa do estudo da forma e das dimensões do planeta Terra.
Geodésica: linha sobre a qual é definido o caminho mais curto entre dois pontos da superfície. No plano, a geodésica é uma recta; na esfera é um arco de círculo máximo; no elipsóide é, em geral, uma linha torsa.
Geóide: superfície equipotencial do campo gravítico terrestre aproximadamente coincidente com o nível médio das águas do mar supostamente prolongado sob os continentes.
GPS: acrónimo de Global Positioning System, o GPS é um sistema de posicionamento global que permite determinar as coordenadas de qualquer ponto à superfície da Terra a partir de sinais emitidos por satélites colocados em órbita. O GPS é um sistema militar da responsabilidade do USDoD, Departamento de Defesa Norte Americano, mas dentro de poucos anos estará disponível um sistema europeu semelhante ao GPS, designado Galileu, que será inteiramente de utilização civil.
Gravímetro: aparelho destinado a medir a força de atracção gravítica da Terra.
Greenwich: localidade situada nos arredores da cidade de Londres, capital de Inglaterra, cujo meridiano foi adoptado internacionalmente como referência para medição das longitudes. Todos os pontos da superfície terrestre que se encontrem sobre o semi-meridiano positivo de Greenwich (lado de Inglaterra) têm longitude zero. Todos os pontos que se encontrem no semi-meridiano negativo de Greenwich (oposto a Inglaterra) têm longitude 180º.

H

Hidrografia: ciência que se ocupa da observação e representação dos oceanos, lagos e cursos de água. Em Portugal, a hidrografia está a cargo do Instituto Hidrográfico da Marinha.

I

Implantação: conjunto de operações que visa a materialização no terreno de pontos fundamentais para a construção de uma obra tal como esta se encontra definida no projecto.
Isóbata: o mesmo que isobatimétrica.
Isobatimétrica: linha de sonda reduzida constante assinalada numa carta.
Isogónica: linha de igual declinação magnética.

L

Latitude: ângulo entre o plano do equador e a normal à superfície de referência que passa pelo ponto considerado. A latitude varia de 0 a 90º para Norte ou de 0 a 90º para Sul conforme o ponto considerado se encontre no hemisfério Norte ou no hemisfério Sul, respectivamente.
Latitude geodésica: ângulo entre o plano do equador e a normal à superfície do elipsóide de referência que passa pelo ponto considerado.
Levantamento hidrográfico: operação de aquisição dos dados necessários à elaboração das cartas hidrográficas e das cartas náuticas. Um levantamento hidrográfico inclui, tipicamente, a medição do relevo do fundo e a determinação da sua natureza, a observação dos objectos situados no mar ou em terra que sejam relevantes para a condução da navegação, assim como a observação das marés e correntes. A medição das profundidades é geralmente realizada através de sondadores acústicos instalados em navios e embarcações.
Levantamento topográfico: conjunto de operações que visa a aquisição de dados quantitativos e qualitativos necessários à elaboração das cartas topográficas. No chamado método clássico, os dados são adquiridos no terreno por observação directa dos acidentes topográficos, utilizando instrumentos ópticos e electrónicos (níveis, teodolitos, estações totais, etc.) na medição de ângulos, distâncias e cotas. No chamado método fotogramétrico, os dados são obtidos por análise e medição de pares estereoscópicos de fotografias aéreas, obtidas por câmaras aerotransportadas ou por sensores instalados em satélites.
Limbo: disco graduado no qual são efectuadas as leituras dos ângulos verticais ou horizontais nos teodolitos.
Longitude: ângulo diedro entre o plano do meridiano de Greenwich e o plano do meridiano do ponto considerado. A longitude varia de 0 a 180º para Este ou de 0 a 180º para Oeste conforme o ponto considerado se encontre para a direita ou para a esquerda do meridiano de Greenwich, respectivamente.
Longitude geodésica: ângulo diedro entre o plano do meridiano geodésico de Greenwich e o plano do meridiano geodésico do ponto considerado.
Loxodrómia: linha da esfera ou do elipsóide de referência que faz um ângulo constante com os meridianos. Em navegação, uma loxodrómia corresponde a um trajecto realizado com um rumo constante.

M

Mapa: o mesmo que carta.
Mapa-múndi: carta que representa o globo terrestre em dois hemisférios separados, com envolvente circular.
Marégrafo: aparelho destinado a medir as variações das marés.
Meridiana: linha de abcissa constante numa quadrícula cartográfica.
Meridiana origem: meridiana de uma quadrícula cartográfica que coincide com o meridiano central da projecção e que constitui, em regra, a linha de abcissa zero do sistema de coordenadas cartográficas.
Meridiano: círculo máximo originado pela intersecção de um plano que contém o eixo de rotação da Terra com a superfície desta. Todos os meridianos passam pelos pólos geográficos da Terra. Sobre um meridiano, a longitude é constante.
Meridiano central: meridiano que constitui um eixo de simetria das propriedades geométricas de algumas projecções cartográficas.
Meridiano de Greenwich meridiano que passa em Greenwich e que foi adoptado internacionalmente como referência para medição das longitudes. Todos os pontos da superfície terrestre que se encontrem sobre o semi-meridiano positivo de Greenwich (lado de Inglaterra) têm longitude zero. Todos os pontos que se encontrem no semi-meridiano negativo de Greenwich (oposto a Inglaterra) têm longitude 360º.
Meridiano geodésico: a elipse cujo plano contém o eixo menor do elipsóide de referência e a normal ao elipsóide que passa no ponto considerado.
Milha marítima: comprimento de um minuto de arco de meridiano que varia entre 1843 metros (junto dos pólos) e 1855 metros (junto do equador).
Milha náutica: unidade de comprimento igual a 1852 metros.
Mira: régua graduada, geralmente até ao centímetro, utilizada em operações de nivelamento ou em levantamentos de terrenos efectuados com taqueómetro. As miras têm geralmente 2, 3 ou 4 metros de comprimento, e podem ser construídas em madeira, alumínio ou ínvar.
Modelo da Terra: o mesmo que superfície de referência.
Modelo digital do terreno: malha rectangular ou triangular de valores de altitude ou de sonda reduzida, por vezes estimados através de métodos de interpolação, a partir de dados observados.
Método das normais: método de representação cartográfica do relevo através de segmentos de recta orientados no sentido do maior declive. O método caiu em desuso em favor das curvas de nível, sendo somente utilizado para representar certas zonas de declive muito acentuado.

N

Nadir: ponto de intersecção da esfera celeste com a vertical de um lugar, no sentido descendente desta.
Nível: aparelho topográfico munido de uma luneta com capacidade para rodar em torno de um eixo vertical. Quando estacionado, as linhas de visada efectuadas através da luneta mantém-se perfeitamente horizontais, o que possibilita a determinação de desníveis entre pontos do terreno através de leituras efectuadas numa mira posicionada sobre estes. A esta operação dá-se o nome de nivelamento geométrico.
Nivelamento: conjunto de operações cujo objectivo é a determinação de desníveis entre pontos do terreno com o máximo rigor possível.
Nivelamento geométrico: método de nivelamento utilizando um nível topográfico e uma mira. O desnível entre dois pontos é calculado pela diferença de leituras na mira efectuadas com esta verticalizada sobre os pontos que se pretende nivelar.
Nivelamento trigonométrico: método de nivelamento utilizando uma estação total e um prisma reflector. O desnível entre dois pontos é calculado através de cálculos trigonométricos, considerando a distância entre os pontos e o ângulo zenital da linha de visada.
Norte cartográfico: o sentido positivo das meridianas numa quadrícula cartográfica.
Norte geográfico: a direcção do pólo Norte definida pelos meridianos.
Norte magnético: a direcção para onde aponta a agulha magnética de uma bússola quando se encontra sob a acção do campo magnético da Terra.

O

Ortodrómia: arco de círculo máximo na esfera sobre o qual se define o caminho mais curto entre dois pontos.
Ortofotocarta: representação cartográfica construída a partir de fotografias aéreas verticais rectificadas.
Ortofotomapa: o mesmo que ortofotocarta.

P

Paralela: linha de ordenada constante numa quadrícula cartográfica.
Paralelo: círculo menor originado pela intersecção de um plano paralelo ao equador com a superfície da Terra. Sobre um determinado paralelo, a latitude é constante.
Par estereoscópico: conjunto de duas fotografias aéreas tomadas na vertical, obtidas a partir de câmaras colocadas em aviões ou por sensores instalados em satélites, que mostram a mesma zona do terreno visualizada segundo perspectivas diferentes. Através de um restituidor estereoscópico, é possível visualizar as duas imagens em simultâneo, sobrepostas, de forma a criar um modelo tridimensional do terreno.
Perpendicular origem: linha perpendicular à meridiana origem no ponto central de uma quadrícula cartográfica, em regra de ordenada nula.
Planimetria: representação numa carta topográfica de um conjunto de objectos fundamentais que caracterizam um determinado terreno. Os elementos planimétricos são, por exemplo, as casas, as estradas e caminhos, os caminhos de ferro, os rios e ribeiros, as igrejas e muitos outros. Estes elementos são representados nas cartas através de uma simbologia cartográfica convencional que vem identificada através de uma legenda.
Planímetro: aparelho destinado a medir áreas de figuras planas representadas no papel.
Planisfério: representação cartográfica de todo o globo terrestre, numa única superfície contínua.
Plano cartográfico: o plano da carta, no qual são estabelecidas as coordenadas cartográficas.
Plano hidrográfico: carta náutica de escala grande, representando pequenas áreas costeiras ou portuárias, em regra inserida numa outra carta náutica de escala inferior.
Plano portuário: plano hidrográfico relativo a uma zona portuária.
Plano topográfico: plano tangente à superfície da Terra, utilizado como superfície de referência em planimetria e sobre o qual são efectuadas as medições topográficas de distâncias e ângulos horizontais.
Planta cadastral: carta de escala grande, destinada a representar os limites das propriedades rústicas ou urbanas.
Planta topográfica: carta topográfica de escala grande, em regra igual ou superior a 1/10000, a qual representa uma área suficientemente pequena para que a curvatura da Terra possa ser ignorada e a escala possa ser considerada constante.
Pólos geográficos: pontos de intersecção do eixo de rotação da Terra com a superfície da mesma.
Pólos magnéticos: pontos de acumulação de cargas eléctricas do campo magnético bi-polar que a Terra gera em torno de si. Os pólos magnéticos encontram-se próximos dos pólos geográficos mas não coincidem com estes, estando afastados cerca de 1000km.
Ponto central: numa quadrícula cartográfica, o ponto de intersecção da meridiana origem com a perpendicular origem, em regra coincidente com a origem das coordenadas cartográficas.
Ponto cotado: ponto do terreno representado numa carta acompanhado com a sua respectiva cota ou altitude.
Ponto de fixação: ponto de uma rede geodésica clássica onde se estabelece a relação entre o geóide e o elipsóide de referência. Nesse ponto, o desvio da vertical é nulo, ou seja, a normal ao elipsóide é coincidente com a vertical do lugar.
Ponto de nível: o mesmo que ponto cotado.
Ponto origem do datum: o mesmo que ponto de fixação.
Precisão: grau de refinamento de um valor ou medição, normalmente expresso pelo número de algarismos significativos. Assim, por exemplo, 3,14159 expressa o valor de  com uma maior precisão que 3,14.
Prisma reflector: bloco de cristal cujas faces se encontram cortadas segundo uma determinada configuração geométrica que permite a reflexão dos raios luminosos incidentes numa direcção paralela à de incidência. Os prismas reflectores são utilizados em conjunto com as estações totais, sendo fundamentais para a medição de distâncias com o distanciómetro electro-magnético.
Projecção cartográfica: transformação de uma rede geográfica de meridianos e paralelos, definida sobre a esfera ou elipsóide de referência, num plano, por meio de processos geométricos ou analíticos.

Q

Quadrícula cartográfica: malha quadrada formada pelas meridianas e paralelas de uma carta na qual se encontra definido o sistema de coordenadas cartográficas. A quadrícula está geralmente graduada em quilómetros.

R

Rede geodésica: conjunto de pontos distribuídos num determinado território, formando uma malha triangular cujos vértices se encontram definidos com exactidão no que respeita às suas coordenadas e altitudes. Os vértices da rede geodésica encontram-se materializados no terreno por construções de alvenaria designadas marcos topográficos, constituindo assim um referencial de apoio à cartografia e às operações topográficas em geral.
Restituidor estereoscópico: aparelho que permite visualizar simultaneamente as duas fotografias aéreas que constituem um par estereoscópico, possibilitando assim a visualização do terreno em três dimensões.
Rumo: ângulo entre uma direcção observada a partir de um determinado ponto e a direcção Norte-Sul. O rumo mede-se a partir do Norte, para Este ou para Oeste, ou a partir do Sul, para Este ou para Oeste.

S

Sapata: peça de aço munida com um espigão metálico na parte superior que, colocada no solo, serve de base para posicionamento da mira nos pontos de transporte de cota em operações de nivelamento geométrico.
Símbolo cartográfico: numa carta, é a representação gráfica esquemática ou simplificada de um determinado objecto ou fenómeno existente no terreno. Os símbolos podem ser pontuais, lineares ou em mancha.
Símbolo em mancha: símbolo cartográfico em forma de mancha colorida ou preenchida com um padrão gráfico, utilizado para representar objectos com extensão superficial, como por exemplo, lagos, pântanos e zonas arborizadas.
Símbolo linear: símbolo cartográfico utilizado na representação de objectos de forma linear ou demasiado estreitos para serem representados à escala, como por exemplo, limites administrativos, cursos de água e linhas eléctricas de alta tensão.
Símbolo nominal: símbolo cartográfico cuja forma só depende da natureza do objecto representado, não expressando qualquer informação sobre a sua dimensão ou importância relativa, como por exemplo, vértices geodésicos e fronteiras.
Símbolo ordinal: símbolo cartográfico cuja forma , dimensão ou padrão é variável com a dimensão ou importância do objecto representado, como por exemplo, as vias de comunicação e os aglomerados populacionais.
Símbolo pontual: símbolo cartográfico associado a uma determinada posição geográfica, utilizado na representação de objectos localizados num ponto ou cujas dimensões são irrelevantes ou demasiado pequenas para serem representadas à escala, como por exemplo, os pontos cotados.
Sistema de referência: conjunto de parâmetros que estabelecem, inequivocamente, as coordenadas geodésicas e cartográficas dos lugares representados numa carta. Inclui-se num sistema de referência o datum geodésico, a projecção cartográfica, a localização do ponto central da quadrícula cartográfica e a origem das suas coordenadas cartográficas.
Sonda reduzida: distância vertical entre o fundo e o zero hidrográfico.
Superfície de nível: superfície equipotencial do campo gravítico.
Superfície de projecção: superfície teórica (cone, plano ou cilindro) sobre a qual a superfície de referência cartográfica é projectada, na construção de uma projecção cartográfica.
Superfície de referência: superfície teórica destinada a servir de modelo à superfície da Terra. São utilizadas, como superfícies de referência, o plano, a esfera e o elipsóide de revolução.

T

Taqueómetro: teodolito munido de uma luneta estadiada, permitindo assim executar, para além das funções básicas de medição de ângulos verticais e horizontais, a medição de distâncias pelo método estadimétrico com a ajuda de uma mira.
Talão: extremo esquerdo de algumas escalas gráficas, mais finamente graduado e com a graduação invertida, de forma a possibilitar uma medição de distâncias mais exacta sobre a carta.
Teodolito: aparelho munido de uma luneta com capacidade para rodar em torno de um eixo horizontal e de um eixo vertical de forma a possibilitar a medição de ângulos verticais e horizontais entre direcções observadas no terreno.
Topografia: conjunto de ciência e tecnologia que se ocupa do levantamento de terrenos com vista à sua representação em cartas topográficas, à implantação de obras tal como estas se encontram definidas no projecto e ao controlo de estruturas para detecção de deslocações ou afundamentos.
Tripé: instrumento auxiliar, munido de uma mesa e três pernas extensíveis, que permite estacionar os aparelhos topográficos no terreno de uma forma estável e segura. Os tripés podem ser de madeira ou de alumínio.

V

Vertical do lugar: linha de acção da força da gravidade num determinado lugar, materializada pelo fio-de-prumo. A vertical do lugar é sempre perpendicular à superfície do geóide.
Vértice geodésico: construções em alvenaria, geralmente caiadas de branco, que materializam no terreno os vértices da rede geodésica. Existem vários modelos de vértices geodésicos utilizados de acordo com a ordem de precisão a que pertencem, sendo mais vulgares os do tipo “bolembreano”, assim designados por terem sido primeiramente utilizados na povoação de Bolembre, Sintra.

Z

Zero hidrográfico: superfície que serve de referência à medição das sondas reduzidas. Por motivos de segurança, o zero hidrográfico coincide com a maré mais baixa.
Zénite: ponto de intersecção da esfera celeste com a vertical de um lugar, no sentido ascendente desta.

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